quarta-feira, 31 de julho de 2013

Um café e um amor, sem gelo por favor

Imagem: Scott Bakal


Encontramo-nos no corredor, entre um passo e outro atrasados, entre muitos que passam por ali.
Sorriu. Sorri. Sorrimos. Demo-nos as mãos e um beijo na testa recebi. (Para quem nunca teve a sensação, é um dos melhores aconchegos que se tem).
"Por onde você tem andado, menina?" Eu devo ter algo assim.
"Por aqui."
"Por aqui, sei que não... Te procurei. Estavas de férias, não foi?"
"Sim..."
"Voltastes quando?" (Gosto das conjugações que ele usa). Então reparo que ainda estamos de mãos dadas, ambas, no corredor de entrada. E eu tenho a sensação de sentir o rosto em chamas, porque ele também olha em direção as nossas mãos.
"Há alguns dias..."
"A que horas começa o plantão?"
"Agora, às 08:00, na pediatria"
"Pois ande, os meninos terão uma certa sorte ao ver a doutora"
"Obrigada"
"E no fim do dia me conte como foi o seu. Um café?"
"Uma poesia?"
E assim foram dois partos e meio (pois um, a pequena não quis esperar por ajuda) e muitos recém nascidos a examinar. O primeiro foi Miguel. Vieram depois Ana Vitoria, Emanuele, Matheus e vários outros a perder a conta. E agora, nesse instante: tomamos um café enquanto eu faço a poesia.